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Ureia lidera baixas entre fertilizantes, com recuo de mais de 35% nos últimos 60 dias; KCl ainda preocupa

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Os últimos 60 dias foram marcados por baixas substanciais nos preços dos fertilizantes nos mercados nacional e internacional, o que abriu uma janela de oportunidade importante para os produtores brasileiros. Embora os valores ainda estejam bem mais elevados do que em anos anteriores, o recuo recente já resulta em relações de troca melhores no país.

Segundo explica o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza, o que explica parte dessa contração dos preços é uma contração vista também na demanda, principalmente com a safra do hemisfério norte já em andamento e os agricultores já tendo feito suas compras.

Imagem mostra recuo entre todos os grupos de fertilizantes – Gráfico: Jeferson Souza /Agrinvest Commodities

UREIA

Cálculos do especialista mostram que, nos últimos dois meses, o valor da ureia caiu mais de 35%, tendo terminado a semana passada, no Brasil, com média de US$ 640,00 por tonelada. “A fraca demanda no mercado interno brasileiro ainda dá sustentação para novas quedas para as cotações dos fertilizantes nitrogenados”, explica Souza. Dessa forma, as referências em importantes regiões produtores apontaram baixas de R$ 178,00 a R$ 213,00 por tonelada na semana passada, como foram os casos de, respectivamente, Cascavel, no Paraná – para R$ 3688,00/t – e Rio Verde, no Goiás – para R$ 3693,00/t.

Gráfico: Jeferson Souza /Agrinvest Commodities

Assim, as relações de troca milho 2023 x ureia, como mostram os dados apurados pelo analista, sinalizaram uma queda de cerca de US$ 7,70 – referência Sorriso/MT -, um recuo um pouco menos expressivo do que o registrado na semana anterior. “Com isso, o barter entre o grão e o nitrogenado sofreu um aumento de 1 sc/t, chegando a 72 sacas de milho por tonelada de insumo. No mesmo período no ano passado este valor era de 52 sc/t, portanto, um aumento anual de 20 sc/t”.

Gráfico: Jeferson Souza /Agrinvest Commodities

Já para o algodão 2023, a relação com a ureia sofreu uma leve queda semana, passando de 24,5 para 23,9 @ por tonelada do fertilizante. Ainda assim, o valor segue superando o registrado no mesmo período do ano passado, quando a relação estava em 15,3@ por tonelada. “O barter atingiu 23,9 @/t, contra 24,5 @/t na semana anterior. Apesar da queda para o preço da pluma cotado a US$ 93,6 para dezembro 2023, a redução no valor cotado do nitrogenado de US$ 40,00 por tonelada contribuiu para a redução do barter”, detalha Souza.

Gráfico: Jeferson Souza /Agrinvest Commodities

FOSFATADOS e KCl

Entre os fosfatados, os preços também cederam, porém não tão agressivamente quanto o que se observou entre os valores da ureia. As baixas do MAP, por exemplo, nos últimos 60 dias foi de 15%, em média, sendo de 3,15% somente nos últimos sete dias, chegando a US$ 1075,00/tonelada. No superfosfato simples e triplo, baixa de 2% na semana passada.

Enquanto nitrogenados e fosfatados o momento de baixa dos preços é considerável, no cloreto de potássio, nem tanto, já que seus fundamentos ainda são fortes na alta, com relações de oferta e demanda muito ajustadas. “Para o KCl os preços ainda permanecem superiores a $1.100/t, ou seja, uma queda pouco representativa nos últimos dois meses”, afirma o analista.

Ainda assim, as relações de troca da soja frente ao potássico melhorou na semana e nos últimos dois meses, como mostram os cálculos de Jeferson Souza. São 34,8 sacas de soja para um tonelada de KCl neste início de semana, contra 41,27 sacas em 1º de abril. “Portanto, em menos de dois meses a relação recuou praticamente 6,5 sacas para uma tonelada. Mesmo em relação aos números da semana passada, o barter do KCl sofreu uma queda de 2,85%”.

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Gráfico: Jeferson Souza /Agrinvest Commodities

Na contramão, a relação do algodão com o KCl, por sua vez, aumentou na última semana e chega a uma média de 32,28 @ de pluma por uma tonelada do fertilizante. “Comparado ao mesmo período no ano
anterior, nota-se um aumento significativo de 20 @/t no período”, detalha o analista.

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MERCADO INTERNACIONAL

Além das compras mais fracas no Brasil, o consumo também é menor nos Estados Unidos agora, o que ajuda a pesar sobre os preços no mercado norte-americano. Em nove semanas, a baixa das cotações foi de mais de 35%, como também se deu no Brasil. Em contrapartida, na China, os valores seguem mostrando consideráveis valorizações, ainda de acordo com o analista da Agrinvest, refletindo uma diminuição na produção local do fertilizante.

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“Os futuros da ureia na bolsa Zhengzhou acumulam mais de 17% de alta em 14 semanas, aproximando-se das máximas registradas no final do ano passado. Enquanto no mercado físico a alta já ultrapassa 35%. A explicação para esse fato está ligada a
desaceleração na produção local, no caso da ureia a queda observada foi de 6% em maio na comparação mensal e os estoques sofreram uma retração de 35% em relação a abril”, detalha Souza.

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Na nação asiática, os produtores rurais seguem enfrentando preços ainda bastante altos dos fertilizantes, mesmo diante de um esforço do governo em aumentar a oferta com mais produção, ao passo em que reduzem as importações. Os valores muito elevados já têm promovido uma redução na utilização dos adubos, o que reflete diretamente na qualidade das lavouras. E os trabalhos de campo ainda foram impactados negativamente pelos gargalos logísticos e pelos severos lockdowns impostos pelos recentes surtos de Covid-19.

“A colheita de trigo está andando e as produtividades vão dizer se a redução de adubação de cobertura fará falta”, afirma Souza. Durante toda a temporada, autoridades do Ministério da Agricultura chinês veio alertando para uma das piores safras de trigo da história não só pelo quadro dos fertilizantes, mas também por uma série de adversidades climáticas.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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