Terceira safra em Mato Grosso! Parceria entre instituições quer viabilizar este sonho
O agricultor mato-grossense, de maneira geral, já se acostumou com um processo de safras que começa em meados de setembro/outubro, quando inicia o plantio da primeira safra de grãos, geralmente soja, sendo que, após a colheita, já semeia a segunda safra, geralmente de milho. O período chuvoso define a agricultura e impede que os produtores fujam à regra. Mas há projetos que começam a pensar numa dinâmica diferente para a agricultura no Estado: Realizando três safras num mesmo ano!
Um trabalho conjunto da Aprofir (Associação de produtores de Feijão, Trigo e Irrigantes de Mato Grosso), da Sedec-MT (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico), da Universidade de Federal de Viçosa – MG e de Universidades de Mato Grosso, propõe um estudo sobre a disponibilidade de águas do Estado para viabilizar o aumento das culturas de irrigação na primeira e segunda safra, e com o desenvolvimento do projeto, uma terceira safra.
Conforme o superintendente de Política Agrícola e Pecuária da Sedec, Eldo Orro, a ideia é identificar o volume de águas de todos os rios do estado, bem como do disponível no subsolo. “Quando se fala de irrigação, muita gente não conhece o processo e acha que se está tirando a água da natureza, sendo que é o contrário, você está trabalhando com tecnologia, com agricultura tecnificada. {…} Vamos fazer um convênio para um estudo pra gente fazer todo um levantamento de como que estão essas águas aqui no Mato Grosso. Os técnicos de Viçosa já tem essa expertise, pois fizeram recentemente esse trabalho com um pessoal do oeste da Bahia, onde eles estão mapeando há mais de 10 anos como estão os lençóis freáticos por lá”, esboça o superintendente.
Conforme Eldo Orro, o governo quer implementar uma lei de barramento, para o produtor poder reter água para irrigação. A ideia do estudo é quantificar as águas do estado e toda a dinâmica de fluxo, porque “pensando em trabalhar com uma terceira safra, nós precisamos ter água em abundância. No Mato Grosso hoje, nós temos terra sobrando, água, clima e condições de trabalhar embaixo de pivô essa terceira safra”, que, conforme Eldo, poderá ser usada no cultivo das pulses (leguminosas secas), como feijão, grão de bico, gergelim e trigo irrigado.
O superintendente salienta que o estado tem potencial para desenvolver as culturas irrigadas sem necessitar de novos investimentos, apenas com a viabilidade de águas: “A Aprofir, eles tem 140 mil hectares de pivô no estado. 50% desses pivôs estão parados. Precisamos fazer com que isso seja produtivo! O produtor precisa produzir em cima dessas áreas”.
Conforme Eldo, a cultura de irrigação pode ainda se desenvolver com o estudo, ocupando as terras de lavoura que só fazem uma safra e também a conversão de pastagens para a agricultura. “Nós temos no Estado 9 milhões de hectares com soja apenas a metade disso com milho na segunda safra. Ou seja, temos mais de 4 milhões de hectares de lavoura que ficam parados. Além disso, o Mato Grosso possui 17 milhões de hectares de áreas de pastagem, boa parte degradadas. A tendência é até 2050, estar com 17 milhões de hectares de agricultura e com 8 milhões de hectares para pecuária”.
Eldo argumenta que, com a vinda de empresas de etanol para o Estado, haverá maior oferta de DDG (subproduto do milho que significa “grãos secos por destilação”, na sigla em inglês) usado no trato bovino, que dará condições melhores para o confinamento. “Vamos trabalhar a pecuária em cima do semiconfinamento e confinamento. Essa é a ideia! Agregar valor e fazer com que o produtor tenha mais renda”.
Reportagem da AGRNotícias, direto de Cuiabá-MT!