Rede de pesquisa avalia fungicidas e cultivares para combater a podridão de grãos na soja
Cultivares com maior resistência à podridão de grãos e uso de fungicidas são opções de manejo para reduzir as perdas de produtividade, apontam redes multidisciplinares de pesquisa que estudam o tema. Inicialmente chamado de anomalia da soja, o problema vem ocorrendo, com maior frequência, na região do médio-norte do estado de Mato Grosso e em Rondônia, desde a safra 2018/2019.
Dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina e outros que podem dar pistas sobre a podridão na oleaginosa vem sendo analisados pela Embrapa.
“Durante as visitas à região, observamos que o problema atingia das cultivares de maneira diferente e os sintomas respondiam ao tratamento com fungicidas, por isso, foram formadas redes de ensaios cooperativos para avaliar a sensibilidade das cultivares à doença e a eficiência dos fungicidas”, relata o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja (PR).
Diferentes espécies de fungos foram identificadas em vagens e presas com e sem sintomas de apodrecimento de grãos, mas os fatores que desencadeiam o problema ainda são desconhecidos.
A rede que avalia a eficiência dos fungicidas traz os primeiros resultados que poderão auxiliar nas estratégias de manejo da doença, com o lançamento da publicação “Eficiência de fungicidas para o controle da podridão de grãos da soja”.
Diversas amostras foram coletadas nas quais foram encontrados, nas vagens, nos grãos e nas hastes, um complexo de fungos de diferentes espécies de Fusarium, Diaporthe e Colletotrichum. Em algumas safras, também foram observadas altas incidências de manchas-púrpuras nos grãos, causadas por Cercospora spp.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Cláudia Godoy, esses fungos são encontrados de forma latente na planta e nos grãos, sem causar sintomas aparentes. Ela explica ainda que, no início dos sintomas, as vagens podem apresentar encantamento, escurecimento ou ambos, sem abertura visível. Quando aberto, apresenta apodrecimento dos grãos.
Em ensaios realizados na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), diferentes espécies de fungos encontrados de vagens com sintomas de apodrecimento foram inoculadas em plantas da oleaginosa em situação de vegetação, mas até o momento, nenhum desses casos isolados produziram nas plantas os sintomas que ocorreram sem campo.
Praticamente todas as empresas de pesquisa localizadas no eixo da BR 163 no médio-norte de Mato Grosso estão investigando o problema. “Os resultados da rede de fungicidas e de cultivares da safra 2022/23 são uma fonte de informação para o produtor, para auxiliar no manejo do problema”, afirma a pesquisadora Dulândula Wruck.
Por Canal Rural.