Quebra na safra de soja 23/24 em MT supera expectativa em algumas áreas

Levantamentos recentes da Aprosoja Mato Grosso destacam uma significativa quebra na safra de soja, ocasionada pela prolongada estiagem que afetou diversas regiões do estado. A expectativa inicial de uma quebra média de 21% foi superada em algumas áreas, revelando a gravidade do impacto climático.

A segunda temporada da série Mato Grosso Clima e Mercado, produzida pela Aprosoja Mato Grosso, mergulha nos diversos cenários que compõem a safra mato-grossense. A comitiva, liderada pelo Presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber, visita lavouras in loco, proporcionando uma visão mais próxima dos desafios enfrentados pelos produtores. Aperte o play no vídeo abaixo e confira!

Desafios em Nova Mutum: Replantio e quebra de 21%

A expedição teve início em Nova Mutum, onde o Presidente da Aprosoja MT, assumindo o papel de produtor, testemunhou os impactos da falta de chuva em sua própria lavoura. O replantio devido à estiagem atingiu 17% da área, resultando em uma quebra de produtividade de 21%, destacando a gravidade da situação. Lucas, que também é um agricultor em Nova Mutum, compartilha suas vivências e desafios enfrentados durante a safra de soja. Ao mergulhar na realidade da sua própria lavoura, Beber proporciona uma visão íntima dos impactos da estiagem e das altas temperaturas.

“Estamos aqui em um talhão que já é um replantio. Por sorte, é uma variedade super precoce. Tive que replantar 17% da minha área devido à falta de chuva, algo que há mais de 10 anos não acontecia dentro da lavoura.“, comenta Lucas.

Ao mencionar a redução na produtividade, Beber destaca a complexidade dos desafios enfrentados, indo além da escassez de chuva. As altas temperaturas desempenharam um papel crucial, influenciando negativamente os resultados esperados. “Inclusive, até o investimento em fertilizante, foi maior que eu tinha feito uma correção. Porém, a produtividade foi 21% menor, ou seja, não foi só o fator hídrico, mas também o fator da temperatura que também afetou a produtividade.“, explica.

Boi/Cepea: Cauteloso, pecuarista resiste à pressão de frigoríficos

Esse cenário se estende em outras áreas de Mato Grosso. Isso foi identificado pela pesquisa realizada pela entidade. “A pesquisa da Aprosoja Mato Grosso, a última, com os produtores, aí, que consultou mais de 900 produtores, mostra que todas as regiões se projetam uma média semelhante. Isso, um resultado bastante parecido com a nossa realidade aqui.“, completa. Veja como está cenário em outras áreas do estado.

Lucas do Rio Verde: Quebra de 35% agrava cenário estadual

A expedição seguiu para Lucas do Rio Verde, onde a fazenda da família Barzotto enfrentou uma quebra de 35%, superando a média estadual. O calor intenso, aliado à falta de chuva, agravou ainda mais a situação, levando a uma perda considerável na produção. A região como um todo enfrenta redução média de produtividade entre 25% e 30%.

Desafios em Sorriso: Produtividade de 20 sacas/hectare

A terceira parada da expedição foi em Sorriso, onde o produtor Diogo Damiani apontou a falta de chuva como fator crucial para a redução significativa na produtividade. A quebra na região é estimada entre 15% e 20%, destacando a generalização do problema em várias localidades do estado.

Preocupações com a Safra de Milho

Além da constatação da quebra na safra de soja, a série destaca a crescente preocupação em relação à safra de milho. Mesmo com boas condições iniciais, a cautela dos produtores reflete a incerteza econômica, com o Gerente de Relacionamento da Aprosoja MT, Evandro Carmo Thiesen, ressaltando a instalação da cultura de milho de forma cautelosa.

Para entender melhor tudo isso, veja abaixo algumas matérias publicadas aqui no Agronews que mostram essa realidade vivida pelos produtores mato-grossenses, que obrigou cerca de 1/3 dos municípios do estado a decretarem Situação de Emergência:

Impactos econômicos e Decretos de Emergência

A situação climática adversa levou diversos municípios a decretarem estado de emergência. O Projeto Aproclima, da Aprosoja-MT, fornece informações meteorológicas para subsidiar esses decretos, evidenciando a gravidade da situação. O presidente Lucas Costa Beber alerta que muitos produtores podem não conseguir cobrir os custos ao final da safra da oleaginosa.

Queda nas cotações da soja

O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, destaca a dificuldade dos produtores em “fechar a conta” ao final da safra devido ao clima adverso. O ‘Funding Soja’ da safra 2023/24 foi 122% maior que o da safra 2019/20, mas a queda nas cotações da soja desde março de 2022 impacta negativamente os produtores, que enfrentam custos elevados e uma possível falta de rentabilidade.

Diante desse cenário desafiador, a Aprosoja-MT orienta os produtores a documentarem detalhadamente as perdas decorrentes da estiagem, visando instruir o diálogo com parceiros comerciais. A transparência nas negociações é enfatizada como crucial para garantir a confiabilidade das informações e facilitar o entendimento da dificuldade enfrentada pelos produtores.

Lucas salienta que a Aprosoja-MT tem fornecido aos municípios informações meteorológicas das estações do Aproclima, um projeto da Aprosoja-MT para monitoramento do clima, subsidiando os gestores municipais sobre a realidade de suas respectivas regiões. O trabalho é feito pelas comissões de Defesa Agrícola e Política Agrícola da entidade, em conjunto com os sindicatos rurais e os delegados dos núcleos da associação. Até o momento, mais de 30 municípios já decretaram estado de emergência local. “Isso é um alerta que prova que há seca nessas regiões”, pontua o presidente.

Em resumo, a quebra na safra de soja em Mato Grosso revela uma realidade preocupante, com desafios iminentes não apenas para os produtores de soja, mas também para a próxima safra de milho. Vamos continuar acompanhando e trazendo os principais acontecimentos sobre a agricultura no Brasil.