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Produzir alimentos na África dará retorno ao Brasil?

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O potencial agropecuário brasileiro é reconhecido mundialmente devido à sua enorme capacidade produtiva e à adoção de boas práticas, o que fizeram o país deixar a posição de importador para assumir o posto de terceiro maior exportador de alimentos, atrás apenas de China e Estados Unidos. O desenvolvimento de uma agricultora tropical foi obra de diversas mãos, passando pelos produtores rurais, por engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, empresas de ponta e instituições de pesquisa públicas e privadas.

Criada em abril de 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi uma das principais molas propulsoras do agro brasileiro naquele período. Seu fundador, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, teve a visão de investir na construção de uma empresa pública totalmente direcionada para o desenvolvimento do agro brasileiro como um todo, com uma infinidade de serviços de tecnologia até hoje utilizados.

Foto: Reprodução

Um dos grandes acertos do ex-ministro foi enviar no começo da década de 1970 milhares de estudantes de agronomia para centros de tecnologia agrícola na Europa e nos Estados Unidos para trazerem ao Brasil o que havia de mais moderno para produção de alimentos em clima tropical.

Desde 2012 a Embrapa empresta seus técnicos e tecnologias desenvolvidas no Brasil para alavancar a produção de alimentos em diversas regiões carentes do continente africano. A iniciativa é digna de louvor tendo em vista a contribuição da Embrapa na busca de soluções para dirimir a segurança alimentar no mundo. Mas não basta simplesmente transferir tecnologia, maquinários e profissionais a outros países.

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A exemplo do Brasil, os países africanos precisam adaptar culturas e customizar tecnologias à sua realidade, de forma a construir uma agricultura sustentável. Assim como a mera transferência de material genético a ser plantado no Brasil não foi o diferencial que o levou a se tornar o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, são os arranjos regionais, planejamento do que produzir e onde, e o desenvolvimento de centros de conhecimento e difusão locais, que tornarão possível o crescimento da agricultura no continente africano.

Desta forma, compartilhando conhecimento, sem deixar de atender os principais clientes, que são os produtores rurais brasileiros, o Brasil ocupará um lugar de destaque na geopolítica mundial ao mesmo tempo em que atenderá aqueles que esperam pelo desenvolvimento de tecnologia agrícola capaz de mantê-los na atividade.

Neste sentido, a decisão mais acertada seria abrir as portas da Embrapa para que técnicos de países africanos – e de outros que tenham interesse – venham ao Brasil conhecer a realidade da nossa agropecuária e levar para suas nações o conhecimento aprendido aqui, tal qual fizemos 50 anos atrás e que nos fez autossuficientes na produção agropecuária.

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