Produtores reclamam da falta de fiscalização na classificação do milho
Com mais da metade da segunda safra de milho colhida em Mato Grosso, produtores e tradings mais uma vez divergem sobre a classificação do grão. A falta de fiscalização no determinador de umidade dos armazéns é a principal reclamação dos produtores.
Em Lucas do Rio Verde, o ritmo das máquinas é acelerado na propriedade de Denis Ogliari. A colheita do milho segunda safra está praticamente encerrada na área de cinco mil hectares e, apesar da falta de chuva durante o ciclo da cultura, o agricultor comemora o resultado. A produtividade média ficou em 115 sacas por hectare.
A frustração, segundo ele, ocorreu da porteira para fora: na entrega de 80 mil sacas para uma trading. ” [Estou] satisfeito com a produção, mas, mais uma vez insatisfeito com a classificação. Fizemos uma troca de milho por adubo, foi verificado na entrega do milho que está tendo uma divergência de classificação, diferença de umidade. Eu tentei amigavelmente uma solução com eles, no entanto, não fui atendido e acionamos o classificador da Aprosoja, onde o mesmo fez uma classificação, acompanhou a classificação, acompanhou a colheita e constatou a diferença”, disse.
Classificador oficial do Ministério da Agricultura, Huander Moreira explica que está sendo feito um acompanhamento e que houve essa divergência com a avaliação da trading. “A gente fez o acompanhamento dessas cargas na lavoura, a trading também acompanhou a nossa classificação. Foram duas cargas assim que passaram pela classificação e já deu uma diferença 0.9 no primeiro impasse e, assim que a carga chegou lá na trading, deu uma diferença de 1.2, chegando até 1.6. A situação foi questionada junto ao comercial e à qualidade, onde nos passaram que iriam tomar uma devida providência, mas até o momento nada foi resolvido. Pedimos, então, a contra -amostra, mas se recusaram a entregar, alegando que só entregariam com ordem judicial”, disse Moreira.
A denúncia de falha na calibragem dos aparelhos que medem a umidade dos grãos em duas unidades de uma trading em Mato Grosso reforça a desconfiança do setor produtivo de que ocorram problemas no equipamento. A Aprosoja espera o ressarcimento da cobrança indevida dessas cargas entregues pelos agricultores e cobra, do órgão responsável, mais atenção na fiscalização.
Colheita do milho se intensifica no MT
“Essa questão foi comunicada ao Ipem [Instituto de Pesos e Medidas]. O armazém era aqui de Lucas do Rio Verde, uma grande trading, e chegou ao consenso e eles reconheceram que esse equipamento estava descalibrado. Parece que resolveu o caso desses dias para cá, agora tem um acerto para fazer de uma parte onde se levou esses 2% de percentual a mais. Mas eu tenho certeza que isso não veio da matriz, é um problema localizado, porque essa empresa tem diversos armazéns no estado e eu não acredito que o dono iria pedir a um armazém ou dois para fazer esse tipo de trabalho”, disse o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Antônio Galvan.
Segundo ele, caso o produtor encontre alguma irregularidade, deve comunicar a Aprosoja para que um classificador vá até o armazém. “Caso algum armazém resista, nós vamos tomar providências a respeito disso”, finalizou.
Fonte e matéria completa: Canal Rural. Por Pedro Silvestre.