Na tarde do 1º Seminário de Gergelim em Canarana-MT, mecanização foi tema central do evento
A região de Canarana-MT, no Vale do Araguaia, é o maior produtor nacional de gergelim. A cultura se adaptou bem a região devido às condições climáticas. Com demanda em alta, a tendência é aumento na área na próxima safra, não só na região, mas em todo o Mato Grosso. O 1º Seminário do Gergelim, em Canarana, é o primeiro encontro de produtores e comerciantes da cultivar para alinhamento e compartilhamento de experiências.
À tarde, novamente mais de 200 pessoas, entre produtores, agrônomos e representantes da indústria de beneficiamento, acompanharam as palestras. O evento contou com as palestras sobre manejo fitossanitário, mecanização na cultura do gergelim, mercado e qualidade da matéria prima para industrialização, além de mesa redonda.
Mecanização
Para o palestrante Diego Fiorenze, engenheiro agrônomo e professor da UFMT, um dos pontos de maior inflexão na cultura é a mecanização. Para ele, quando se olha pro ponto de vista de mecanização do gergelim, com um grão minimamente pequeno, é necessário um cuidado muito maior do que com uma semeadura de soja e de milho, que tem uma semente maior. “A profundidade é um fator extremamente relevante para que você tenha uma boa plantabilidade. Aliado, é claro, com o perfil do solo, com bom preparo e nivelamento. E pra isso você precisa de máquina. Tudo que você compra ou retira do campo vai passar por uma máquina. Então a máquina faz parte do preparo de solo até a colheita. A mecanização precisa se adaptar e criar mecanismos que melhore principalmente a questão de plantio e perdas na colheita”, explicou o palestrante. Com a atual mecanização implementadas nas lavouras, sem adaptação, parte da colheita fica no solo.
Conforme o pesquisador, em média a perda por hectare na cultura do gergelim é de 250 kg. “Isso, por R$ 2,50 o quilo, é o que o produtor está deixando de ganhar. Se ele conseguir minimizar estas perdas o máximo possível, ele consegue aumentar a lucratividade. {…} Vamos juntar esforços com produtores, com pesquisadores, com a embrapa, com universidades e com todos aqueles ligados ao setor. {…}. Esse trabalho já foi feito para outras culturas. Todas as culturas maiores já passaram por isso: a soja, o milho, o feijão. {…} No gergelim o caminho tende a ser o mesmo. Vai chegar um ponto entre 5 e 10 anos, que fazer semeadura e colheita do gergelim, vai ser tão natural quanto produzir soja”, disse Diego.
Crescimento
Para o secretário de Agricultura de Canarana, Charles Visconti, uma das importâncias do seminário foi reunir todos os envolvidos na cadeia do gergelim. “Desde o preparo do solo, até a comercialização. São pesquisadores que estão aqui, são produtores que estão aqui, são empresas que compram e fomentam o gergelim no município, todos reunidos para melhorar a cultura, seja na questão de solo, de semente, de manejo, de produtividade, de mercado”.
A expectativa, pela Secretaria de Agricultura, é que o município plante mais de 60 mil hectares com gergelim na safra 19/20 com uma média superior à safra passada. Além do aumento na área e na produtividade, diversas empresas nacionais e internacionais estão se instalando em Canarana, construindo ou alugando armazéns, para beneficiar o grão e até produzir óleo de gergelim. “As empresas que estão se instalando, já tem projeto para 2021 despelicularizar o grão e 2022 extrair o óleo, tudo em Canarana”, disse Charles.
Cultura alternativa
O produtor Diego Dallasta plantou na última safra 700 hectares de gergelim e teve uma produtividade média de 600 kg por hectare. A princípio, a família ia aumentar a área com a cultura, mas a queda nos preços do gergelim e o aumento na cotação do milho, reverteram a decisão. “Com a melhora no preço do milho, nós vamos manter a área de gergelim, na casa dos 700, talvez uns 800 hectares, não mais do que isso”.
Dallasta acredita muito na viabilidade do gergelim, no que é chamado de cultura alternativa. Como a cultura pode ser plantada após o período ideal para o milho e, na região de Canarana, na maioria dos casos, o produtor não consegue plantar 100% da área com milho na janela ideal, então o gergelim adapta muito bem com essa realidade. “Você pode fazer um pacote tecnológico dentro da fazenda, onde após a soja, você planta, talvez 40% de milho, 40% de gergelim e o restante da área com alguma outra cobertura. E você pode fazer uma rotação de cultura ao longo dos anos, com o gergelim gerando renda numa época em que o milho corre muito risco”, conclui Diego.
Por AGRNotícias. Fotos: AGR.