Fazenda de Confresa dobra produção de leite com orientação do Senar
Aumentar 6 vezes a produção diária de leite em menos de um ano e meio. Foi o que aconteceu na pequena propriedade do Samuel Felício Modesto, em Confresa, no nordeste de Mato Grosso. A história da produção de leite no sítio Modesto é dividida em duas fases: antes e depois da chegada da assistência técnica e gerencial. Até então, o leite era apenas um coadjuvante por ali.
O foco era a compra e a venda de animais, como explica a zootecnista Renata Dancini, que é técnica de campo do programa Senar Tec Leite-MT. “Quando o produtor comprava animais de corte, alguns animais de aptidão leiteira vinham no meio. Então ele deixava na propriedade e o colaborador tirava o leite sem aparato de assistência nenhuma. O leite ele utilizava para consumo e o restante ele colocava num tanque comunitário”, conta.
Renata comenta que quando conheceu o Samuel, soube logo de cara que ele não tinha interesse em gastar com a atividade. “Ele não pretendia fazer investimento no leite. Quem propôs para trabalhar foi o colaborador da propriedade, o Jhonne. Ele fez cálculos e demonstrou ao Samuel que se trabalhassem com leite, teriam rentabilidade mensal e também teriam os bezerros para trabalhar com engorda e ficaria muito mais fácil.”
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Os argumentos foram convincentes e a propriedade abriu as portas para equipe do programa Senar Tec Leite-MT. Na primeira avaliação, um alerta: sem orientação e algumas mudanças, o negócio não teria vida longa. “Quando chegamos a produção do Samuel era de 60 litros por dia, com 12 vacas lactantes. A nossa média era de 5 litros por vaca/dia. Ele não iria se sustentar, porque não estava fazendo o uso adequado da terra. Não tinha nenhum planejamento nutricional. A gente tinha 81 cabeças para tratar e estava no início da seca, sem essa parte nutricional, sem nenhum planejamento. A propriedade tem 51 hectares, o capim estava totalmente degradado. Fizemos um diagnóstico da propriedade em relação à parte nutricional e a parte de instalações, porque o Samuel estava tirando leite no relento, ou seja, nenhuma estrutura. Era primordial melhorar a parte nutricional e sanitária”, comenta Renata.
No início, o produtor queria gastar apenas com a construção da sala de ordenha. Mas, gradativamente, passou a seguir as recomendações técnicas e a investir no manejo sanitário e no planejamento nutricional.
“No decorrer da seca nós fizemos a parte de silagem e algumas outras ações na parte de implantação de manejo sanitário. Quando começou a chuva, nós já tínhamos um planejamento de fazer uma capineira, mas o Samuel não acreditava muito em piquetes. Então, demonstramos para ele como funciona o piquete e, a partir disso, a gente já foi realizando recuperação, reforma de pastagem e foram feitos os piquetes. Assim, conseguimos aumentar a produção e melhorar esses índices dentro da propriedade do Samuel”, detalha.
Com o pasto dividido a alimentação dos animais melhorou e os resultados apareceram. O número de vacas em lactação saltou de 53% para 65% do rebanho. “Nós conseguimos aumentar porque animal com fome não dá cio. Então, conforme foi melhorando a parte nutricional, já foi melhorando também essa parte reprodutiva. Também fizemos descartes, com ajuda de um médico veterinário para identificar os animais que tinham algum problema reprodutivo”, comenta.
Um ano e quatro meses depois da primeira visita técnica, a realidade no sítio é outra. “A gente começou a fazer as análises mais corretas, fazer adubação no momento certo, aí começou a vir mais resultado”, comemora Jhonne Oliveira, o funcionário “peça-chave” do sítio. A produtividade por vaca dobrou e com maior número de animais em lactação, a produção diária ficou 6 vezes maior, como atesta a técnica de campo do Senar-MT. “Nós chegamos a 364 litros de leite/dia com 33 vacas lactantes. Ou seja, a gente aumentou essa média para 10,5 litros por vaca”, comemora.
Satisfeito e ao lado do colaborador que insistiu na viabilidade da pecuária leiteira, o produtor que via o leite como um coadjuvante, agora o enxerga a atividade como a principal estrela do sítio. E é mais uma testemunha do poder transformador da assistência técnica. “Se não fosse o projeto nós não iríamos chegar lá, porque nós queríamos criar vaca, não queríamos criar capim”, comenta – com um sorriso no rosto – o Samuel.
Senar-Tec Leite-MT O sítio Modesto é uma das 30 propriedades que participam do Senar Tec Leite-MT no município de Confresa. Uma vez por mês, os produtores recebem a visita dos técnicos do programa. Eles fazem um diagnóstico da propriedade e elaboram um plano de ações específico para cada situação. O objetivo é melhorar o desempenho da atividade leiteira no local, com base na assistência técnica e gerencial.
Fonte: Canal Rural Mato Grosso