A troca de pontes de madeira por estruturas de ferro ou concreto – uma demanda dos produtores
No início da implantação dos projetos que deram início a cidades como Querência, Canarana e Água Boa, no Médio Araguaia mato-grossense, a madeira era utilizada para tudo, desde a construção de casas, galpões e claro, pontes. Há quase meio século da chegada dos primeiros colonizadores e com o aumento na produção agrícola regional, as pontes de madeira não suportam mais o tráfego de transporte de cargas e, constantemente, algumas regiões produtivas chegam a ficar dias sem ter uma via de acesso ou ainda, precisam trafegar por desvios longos que encarecem o transporte.
Diante das circunstâncias, há algum tempo os produtores rurais começaram e pedir das prefeituras e do Governo do Estado, a substituição das pontes de madeira por estruturas que durem muito mais tempo, como concreto, por exemplo. Nos córregos menores, a solução mais viável é a colocação de manilhas e aduelas (estruturas em bloco com a parte superior côncava). Nos rios mais largos, a construção de pontes é inevitável. Nesse ponto, há um fator natural dando peso. A região do Médio Araguaia possui o maior número de nascentes do Estado de Mato Grosso, sendo o berço do rio Xingu, tendo portanto, muitos cursos d’água que necessitam de estruturas para possibilitar o tráfego de cargas e de pessoas.
A AGRNotícias ouviu os representantes do executivo de municípios da região e fez um panorama da situação de cada localidade, com os projetos e benfeitorias à médio e longo prazo.
Água Boa
Em Água Boa-MT, o prefeito Mauro Rosa (Maurão), disse em entrevista para a AGRNotícias que o município possui 620 passagens de água. Dessas, 130 já foram substituídas por pontes de concreto, aduelas ou manilhas. Passagens substituídas por pontes, já são seis estruturas de concreto com mais de 12 metros de comprimento. “Quero terminar com 10 pontes de concreto”, disse o prefeito Maurão.
Mauro Rosa disse que pontes de madeira não aguentam o tráfego, requerem manutenção constante, causam muitos transtornos por conta das interdições quando quebram ou precisam de reparos, o que gera ônus para a Prefeitura. “As estruturas de concreto são definitivas, são economicamente viáveis porque não precisam de manutenção e socialmente muito aplaudidas, porque resolve o problema”, complementa.
O prefeito de Água Boa disse que o município recebe anualmente cerca de dois milhões de reais de Fethab e todo o recurso é investido no interior, em pontes e em maquinário para patrolar as estradas. Além disso ele investe recursos do orçamento próprio. Parte desse recurso próprio vem da venda de lotes urbanos de uma área que pertence ao município, recurso que só pode ser revertido em investimentos em infraestrutura na cidade e no interior.
Querência
Em Querência o prefeito Fernando Gorgen disse que o município possui 14 pontes, sendo que 12 ainda são de madeira. Ele tem a expectativa de receber recurso federal para construir mais três pontes de concreto. O prefeito disse que o município já substituiu quase todas as pontes de madeira por manilhas nas estruturas menores há alguns anos, restando somente as pontes maiores.
Para Fernando Gorgen, as estruturas de madeira não suportam mais o intenso tráfego de caminhões. Querência é o maior plantador de soja do Vale do Araguaia, com 350 mil hectares semeados aproximadamente. “Tem pontes de madeira que a gente precisa fazer duas manutenções por ano e não aguenta. Além do custo tem o risco, para as pessoas e para o capital. Hoje as máquinas novas chegam a custar dois milhões de reais que passam por cima de pontes de madeira com risco de cair”, falou em entrevista a AGRNotícias.
Porém, Gorgen acredita que as pontes de concreto ainda estão muito caras. Pela tabela do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), elas custam R$ 8 mil o metro quadrado. “Esse preço precisa melhorar muito, pelo custo está sendo mais viável as pontes de aço [ferro]”, finaliza Fernando.
Canarana
Em Canarana a Prefeitura fez um levantamento e existem 65 pontes de madeira. Conforme o prefeito Fábio Faria, em alguns desses locais será possível substituir por aduelas. “Nós faremos nesse período de chuva uma análise do volume de água para ver onde suporta a colocação de aduelas, como é o caso do córrego Pega Cria na MT-110”, falou em entrevista a AGRNotícias.
Fábio disse que a Prefeitura fará a construção e cinco pontes de concreto até o final de 2020 com recursos próprios, além de três pontes de concreto pelo Governo do Estado, conforme contrato que foi assinado neste mês de outubro. Uma será no rio Tanguro (MT-109) e duas na MT-020 (Bichinho e Canastra). A previsão é que a construção das pontes pelo Estado também iniciem ano que vem após as chuvas. “Faremos cinco pontes de concreto fora os locais onde colocaremos aduelas e manilhas”, disse o prefeito. Ele acredita que, com esse planejamento, seja possível em quatro anos substituir todas as estruturas de madeira, o que vai gerar uma economia anual de 1,5 milhão de reais em manutenções.
Neste momento está em construção uma ponte de ferro sobre o rio Tanguro, na MT-109. A previsão é que ela seja concluída no mês de novembro. A ponte custará mais de 300 mil reais para o município e ficará no local até que seja construída a ponte de concreto pelo Governo do Estado. A MT-109 está interditada desde o mês de julho, quando um fogo criminoso danificou a estrutura de madeira. Por conta disso, produtores e moradores do interior precisam fazer uma volta pela região do Tanguro para acessar as propriedades rurais, gerando prejuízos e transtornos.
Por AGRNotícias.