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MT: agricultores já negociaram 32,5% da safra 2021/22 de soja, aponta Imea

Os preços elevados da soja estão estimulando os agricultores de Mato Grosso a avançarem com as negociações antecipadas do grão, principalmente nas operações de barter, garantindo a compra dos insumos que vão ser usados no cultivo do grão.

Esse é o caso de Gabriel Lenz, que já comprou todo o insumo que vai usar para plantar os 2.800 hectares de soja na safra 2021/22. Motivado pela valorização do grão, ele negociou antecipadamente um terço da produção que esperava colher. Assim, 20% do montante foi usado como moeda de troca para garantir a compra de todo o adubo, em uma estratégia para minimizar o custo de produção que teve um acréscimo de 20% neste novo ciclo.

“Uma parte do nosso fertilizante foi feita a troca por soja. Na época era bom, pois quem ficou para trás para comprar hoje está tendo aumento de até 60,70% em alguns insumos, quando dá sorte de ter o insumo para fazer a compra”, disse o produtor.

De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuári (Imea), a relação de troca tem sido favorecida pelo aumento dos preços da soja.Quase 30% da produção da oleaginosa esperada para a safra 21/22 já foi negociada no estado e, até o momento, mais de 85% dos fertilizantes já foram comprados pelos agricultores.

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A estimativa é que metade foi negociada por meio de contratos barter. No entanto, apesar do atual cenário ser vantajoso, o setor produtivo está apreensivo. “Viemos de uma seca do passado da soja, continuou uma seca na safra de milho em algumas regiões, o que foi o nosso caso. Agora, a incerteza acaba fazendo o preço subir, então, é um ano de incerteza que não está para amador”, disse o produtor.

Aprosoja

Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Fernando Cadore, o grande medo do produtor é que o preço volte aos patamares anteriores.  “O medo é de que esse custo que se elevou não baixe na mesma velocidade, aí temos um rande gargalo. Por isso falamos para produtor fazer as contas, tenha cautela na tomada de decisão cuide o efeito manada, pensando bem no investimento no calor do momento com a viabilidade baseada nos tetos de preços e depois quando o produto voltar no mercado”, disse.

O custo de produção da próxima safra de soja em Mato Grosso deve chegar a R$ 2.719 por hectare, 12% a mais do que o valor gasto no ano passado. Destaque para os fertilizantes, que tiveram alta de 14,8% na comparação com a safra 20/21.

“O grande receio que fica é que o produtor não aproveitou a precificação que tinha porque comercializou 60% do que tinha para vender e, como colheu menos, não aproveitou o preço alto e, em contrapartida, os custos subiram. É muito complexo se fazer conta quando se perde a referência, o produtor perdeu a referência dos preços nos últimos tempos, fazer contas de investimentos de viabilidade usando as máximas históricas pode ser muito arriscado e muito perigoso, uma vez que se tem viabilidade quando o preço está na alta e, quando baixar, será que vai ter a mesma viabilidade?  Aqueles investimentos de longo prazo, a máquina ,o investimento em área, tem que se pensar bem para se tomar decisões, o produtor é um tomador de custos e ele sabe quando ele vai gastar, porém ele não sabe a quanto ele vai vender e nem quanto ele vai colher”, disse Cadore.

Essa cautela o agricultor Robson Weber tomou ao negociar. Ele esperava um bom desconto na compra antecipada dos insumos para a safra de soja 22/23, daqui a dois anos, mas acabou sendo surpreendido com a valorização dos insumos.

“O potaciado teve um aumento em relação a safra 21/22, de 10% a 12% e, nos fertilizantes fosfatado, tivemos aumento ainda maior, na casa dos 15%.  O que eu tenho observado é que esta soja acabou não acompanhando este aumento que teve no fertilizante, então a relação de troca da saca de soja por tonelada de fertilizante acabou se distanciando um pouco, então onde tinha um contrato de soja hoje falando em termo de Paranatinga, a gente tem um contrato de R$ 147, R$ 150 por saca para safra 21/22 se observa que para a safra 22/23 diminuiu este valor, se fala em R$ 125, R$ 127 por sac  e isso acaba diminuindo a receita do produtor e fica um pouco de insegurança em relação o que vai acontecer no futuro”, disse.

Por Pedro Sil

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