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‘Milícia da Funai’ tentou intimidar PF durante investigação em Terra Indígena no Araguaia

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Os três homens que atuavam na Fundação Nacional do Índio (Funai) e que foram presos na Operação Res Capta, deflagrada na quinta-feira (17) pela Polícia Federal para desarticular um esquema ilegal de arrendamento de terras indígenas, tentaram intimidar agentes da PF durante a investigação do caso. Além disso, o inquérito aponta ação imediata do presidente da Funai, Marcelo Augusto, que também é delegado da PF, para evitar ‘ameaça ou constrangimento’ a um dos presos na ação.

Com base nas denúncias que estavam sendo apuradas, consta em documento que durante as investigações in loco, os agentes percorreram boa parte da Terra Indígena de Marawatséde onde foi possível constatar imensas áreas de pastos utilizados para a criação de gado. “Com estrutura do pasto, currais formados, maquinários, animais e moradias instaladas na região”.

Depois disso, foi narrado que no final da tarde do dia 10 de fevereiro, os policiais federais que estiveram no local foi chamados para uma reunião na sede da Funai em Ribeirão Cascalheira, onde estavam presentes Jussielson Gonçalves Silva, coordenador regional da Funai, o ex-policial da AM Enoch Bento de Souza e o 2º sargento PM-AM, Gerard Maximiliano Rodrigues de Souza, que atuavam como ‘braço direito’ de Jussielson.

Na reunião, o trio questionou os agentes sobre o motivo da presença deles nas terras, já que ‘não houve nenhuma comunicação prévia da Polícia Federal no local’. Consta ainda que na sala, os agentes ficaram no meio do trio, em posição de triângulo, numa aparente proposital alocação de posição. “O posicionamento não foi meramente acidental. Tratou-se de pura tentativa de intimidação”, destacou o promotor de Justiça.

Foto: Reprodução, GazetaDigital

Para a Justiça, ficou claro que os investigados não possuem qualquer destemor mesmo em relação a ação da PF e por isso se colocam na posição de inquisidores, querendo saber o que os agentes faziam no local e o motivo de não terem sido comunicados. “Como se a PF devesse alguma explicação a eles. De toda forma, o comportamento intimidador do trio se mostra coerente com a forma da vestimenta e com a ação anterior mencionada”, destacou.

Lista com nomes e ‘carteirada’

Durante a reunião com o trio investigado, os policiais solicitaram uma lista com as cópias dos 15 contratos de arrendamento na cópia, que não foi atendido. No dia 17 de fevereiro, um novo pedido foi realizado por meio de oficio, em prazo de 24h, como determinou o Ministério Público Federal (MPF).

Só que no dia seguinte, a equipe liderada pelo delegado Mário Sérgio de Barra do Garças recebeu o documento, junto com uma carta do presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier – que originalmente é delegado da PF – avisando que a requisição será “prontamente atendida, independente da aparente ameaça ou constrangimento ao servidor ou até mesmo da suposta prática do crime de desobediência”.

No texto, Marcelo Augusto ainda cita o histórico de formação de Jussielson na Marinha do Brasil e destacou ainda que ele “vem desenvolvendo um excelente trabalho voltado para saneamento de um passivo de descaso e irresponsabilidade na gestão da política indigenista local”.

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Prisões mantidas

Justiça Federal de Barra do Garças manteve a prisão preventiva dos três presos. A decisão foi confirmada pelo órgão nesta sexta-feira (18). Eles foram autuados pelos crimes de corrupção ativa, passiva, ameaça, abuso de poder, crimes ambientais e porte ilegal de arma.

Por Yuri Ramires | Gazeta Digital.

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