Maior produtor de algodão do Brasil, Mato Grosso vai reduzir apostas na cultura
Depois de ocupar a maior área da história em Mato Grosso, o algodão vai perder espaço no estado na safra 2020/2021. As lavouras devem se estender por pouco mais de um milhão e doze mil hectares, recuo de 10,6% na comparação com o terreno cultivado no último ciclo. Quanto à produção de pluma, a queda estimada até aqui é de 11,9%, ficando em 1,7 milhão de toneladas (foram 2 milhões de toneladas na safra passada).
Entre os motivos, a demanda retraída pela pluma durante boa parte do ano em função dos impactos causados pela pandemia na indústria têxtil 3 o aumento das despesas no campo. O custo operacional efetivo nesta safra gira em torno de R$ 9.572 por hectare, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Alta de 7,6% puxada, principalmente, pelos insumos atrelados ao dólar como macronutrientes e fungicidas.
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O encarecimento elevou o ponto de equilíbrio para este ciclo, que agora está estimado em R$ 82,16 por arroba, mais de 9% acima do registrado na safra passada. Realidade que leva alguns agricultores a refletirem sobre as apostas no algodão, num momento em que soja e milho alcançam preços recordes.
Aliás, o atraso no plantio da oleaginosa pode provocar uma retração ainda maior na área destinada ao cultivo da pluma. Em Mato Grosso, 87% das lavouras de algodão são semeados em janeiro, após a colheita da soja. O plantio mais lento ameaça esta janela, o que pode levar a mudanças nos planos dos agricultores para a segunda safra. O produtor Ítor Cherubini, por exemplo, deve reduzir em 30% a área destinada ao algodão na fazenda em Campo Verde, sudeste do estado. “Não dá para arriscar cultivar o algodão após o mês de janeiro. No ano passado, plantei pouco mais de 1.100 hectares, mas com o atraso da semeadura da soja este ano, vou diminuir a área”, comenta o produtor, que deve ocupar com milho a área retirada da pluma.
Por Luiz Patroni, Canal Rural.