Lockdown em Confresa-MT atinge a agricultura familiar e a pecuária
O decreto de “lockdown” em Confresa, entrou em vigor esta semana. Segundo o prefeito Ronio Condão, a decisão levou em conta o número de casos de Covid-19 no município. Até aqui são 192 registros, dos quais 15 profissionais da área da saúde. O decreto também atinge o agro. “A agricultura familiar foi a mais atingida, porque houve fechamento total das feiras, comprometendo a comercialização de hortifrutigranjeiros. Já a agricultura mecanizada não foi afetada pela medida. Quanto à pecuária, houve diminuição de 50% no número de abates no frigorífico instalado na cidade”, explica o prefeito de Confresa. Ele diz ainda que há uma equipe do município avaliando a possibilidade de “flexibilização ao final dos quinze dias de lockdown impostos pelo decreto”, mas que isso “irá depender muito dos números da saúde na cidade”.
Desde o início da pandemia, os produtores rurais têm adotado medidas preventivas contra a Covid-19 e têm reforçado os cuidados agora durante a colheita, quando a circulação de pessoas aumenta nas fazendas. Com o avanço no número de casos da doença em Mato Grosso – e, consequentemente – a implantação de medidas mais restritivas em alguns municípios, a preocupação fica maior. Tanto com a saúde no campo, quanto com os reflexos para o setor.
“O campo está em plena colheita da safrinha. O transporte da produção não foi prejudicado pelo ‘lockdown’. Mas, de qualquer forma, essa é uma situação gravíssima para nós. O agronegócio também se sente prejudicado”, destaca Biraja Meireles Capuzzo, presidente do Sindicato Rural de Confresa.
“Isso impacta negativamente as atividades agropecuárias de toda região. Confresa concentra a maior parte das revendas, oficinas, armazéns, além do frigorífico. E o abate de gado da região também já foi prejudicado. A nossa preocupação agora também é com o risco de a doença chegar no campo, nas fazendas”, alerta o presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre do Norte, Alessandro Pires Leandro.
Mato Grosso tinha 4.762 casos de Covid-19 confirmados pela Secretaria Estadual de Saúde até a noite desta quarta-feira, 10. Quase o dobro do número registrado no fim de maio (2.413). O crescimento acelerado nas últimas semanas, tende a seguir em ritmo forte, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal (UFMT). O estudo aponta o início do mês de setembro como o provável pico da doença no estado, com aproximadamente 300 mil casos.
Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Moises Cecconello explica que dois fatores podem alterar esta projeção. “Um deles é a subnotificação. Há evidências de que existe subnotificação, pessoas que contraem a ‘Covid’ mas não apresentam sintomas e acabam não procurando o sistema de saúde e portanto não entram nas estatísticas. Nós não levamos em conta a subnotificação no estudo. Outro fator importante é a adesão da sociedade ao isolamento social, que é a única maneira de evitar a evolução da doença no estado”, reforça
Se a pesquisa for confirmada, o estado estará no auge da pandemia às vésperas do início do plantio da safra de soja. O que reforça a importância da permanência do alerta e da continuidade das medidas preventivas no campo. A agricultora Roseli Giachini endossa o recado: “o alerta nosso do setor é para que estes profissionais que transitam tenham mais cuidado, usem a máscara, façam higienização correta, evitem aglomerações. Porque ninguém é exceção! Nós estamos bastante preocupados diante deste aumento do número de casos em Mato Grosso”, enfatiza.
Por Luiz Patroni, Canal Rural.