Lentidão das pastagens anulará vendas sazonais mais fracas dos frigoríficos
A reposição da carne bovina no atacado e varejo, pós festas, tem como aliada mais forte, para o pecuarista, a pouca oferta de animais de pasto este mês nos centros mais participativos do rebanho brasileiro no Centro-Oeste e Sudeste.
O boi está com boas possibilidades de recuperar parte das perdas de final de novembro a dezembro, mesmo ante um janeiro que, sazonalmente, as vendas internas e externas costumam ser mais fracas. Na Alta Noroeste Paulista, as chuvas deram um avanço nos últimos dias, mas ainda não recupera a seca e o calor de antes. Na fazenda de Luiziânia, Francisco Brandão ainda está tendo que “bambear” pastos, tirando animais. “Mesmo com suplementação é difícil fazer boi ganhar peso, de modo que estou vendo 60 dias para engordar”, diz Brandão, vice-presidente do Sindicato Rural de Alta Noroeste (Siran).
Canarana enfrentou falta de chuvas e perdas de produtividade na soja já são de 10%
Em Barretos, mais ao Norte paulista, a mesma coisa. “Já está faltando boi, tanto que os preços estão reagindo com oferta acima, de até R$ 275”, explica Juca Alves. Essa situação, que vai perdurar mais uns dois meses – “está melhorando, mas a recomposição é lenta depois de tanta seca” -, vai fazer também com que o produtor com oferta leve animal para cocho, tirando das vendas. Ajudará a pressionar preços maiores nos frigoríficos.
Nas regiões do Vale do Araguaia goiano e mato-grossense a realidade é a mesma. No lado goiano, Marcelo Marcondes, da Nelore Marcondes, viu chuva boa só esta noite. Em novembro e dezembro, apenas 40 milímetros. “A maioria das fazendas está no chão” (sem pasto), afirma o produtor, complementando com a expectativa de que, quem puder, deverá confinar ou vender para confinamento.
Resultado da oferta vazia na região é a observação de plantas do JBS (JBSS3) vazias.
Do outro lado da fronteira estadual do Araguaia, nas redondezas de Canarana, o produtor Marcos Jacinto não está observando condições melhores Mato Grosso. Mais a Oeste, “chega a faltar água para o gado”.
No geral, os pastos estão “saindo” devagar, pelas mesmas razões apontadas pelo vice do Siran está registrando em São Paulo. No vizinho do Sul, o produtor de Aquidauna, Frederico Stella, o cenário está pouco menos pressionado para os frigoríficos. “Já tem alguma coisa (boi) saindo, mas ainda levará um pouco mais de tempo para volumes maiores”, avalia o ex-presidente do Sindicato Rural local e atualmente diretor da Famasul.
Às voltas com lagartas nos pastos, o que implica em gastos de controle, Stella tem visto cotações em R$ 260 a @.
Por Money Times.