Evento em Gaúcha do Norte discute estratégias contra Brucelose – Região possui maior número de casos
Produtores de Gaúcha do Norte-MT participaram do evento da campanha “Mato Grosso Contra a Brucelose”, realizado na noite de ontem, 16 de outubro, no Sindicato Rural da cidade. O evento contou com a apresentação de novas estratégias de combate à brucelose bovina em Mato Grosso, entre elas uma vacinação de reforço ou cobertura.
O objetivo principal da campanha é baixar a prevalência da doença presente atualmente no rebanho bovino do estado de Mato Grosso, intensificando o trabalho de educação sanitária, o conhecimento dos produtores rurais e promovendo melhor qualidade da vacinação contra a brucelose. Estão envolvidos nessa missão a Famato, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso (CRMV-MT), Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa-MT), Senar-MT, SINDIFRIGO e Sindicatos Rurais.
Na abertura do evento, o presidente do Sindicato Rural, Josinei Zemolin, pontuou que a contribuição da instituição para o município quanto a essa pauta é abrir as portas e promover a devida mobilização dos produtores para que absorvam o maior número de informações e levem isso para suas propriedades.
A palestra ministrada pelo médico veterinário do MAPA, Alexandre P. Pontes, trouxe informações sobre a doença, os riscos de contaminação de seres humanos, diagnóstico, sinais clínicos apresentados pelos animais contagiados e frisou as novas estratégias de controle que é a vacinação e revacinação, diagnóstico e eliminação de animais infectados e controle de trânsito animal.
O médico veterinário do INDEA, Francisco S. M de Souto, comentou sobre a vacinação de cobertura: “nosso trabalho se baseia no incentivo ao produtor de promover uma vacinação de cobertura ou de reforço para a doença, utilizando a nova ferramenta que é a vacina RB 51, porque aquela que nós fazemos que é a B 19 só pode ser feita uma única vez no animal de 3 a 8 meses, ou seja, o animal só tem uma única chance de ser vacinado em toda vida dele. Com a RB 51 o animal pode ser vacinado a partir dos 3 meses até a fase adulta, a única restrição é que não esteja em gestação, pois pode acarretar em um aborto. Nós recomendamos que use a RB 51 como reforço ou como vacina de cobertura para aquela primeira vacina, promovendo assim, maior proteção para o animal matriz”, comentou.
Ocorrência da doença no Estado
A brucelose é uma doença infecciosa que está distribuída por todo o estado de Mato Grosso, afeta animais dentro do ciclo de reprodução e suas consequências são abortos, infertilidade temporária ou permanecente, bezerros fracos, causando assim grandes perdas econômicas. “Em 2002 a ocorrência da doença em Mato Grosso era na ordem de 10% em fêmeas em idade de reprodução, em 2014 essa porcentagem baixou para 5%, ou seja, em doze anos conseguimos reduzir a prevalência da doença em 50%.
Em relação a região que engloba Gaúcha do Norte e outros municípios do nordeste do Estado, o último estudo mostrou que a prevalência da doença está em 8%, é considerado o maior do estado e sem conseguir baixar, por isso todo esse nosso trabalho de trazer esse debate e promover a visita nas propriedades”, apontou Souto.
Em Gaúcha do Norte serão visitadas 98 propriedades com mais de 200 fêmeas em idade de reprodução, ou seja, acima de dois anos de idade. “Mais de vinte propriedades já foram visitadas no município. Estamos levando conhecimento ao produtor”, pontuou o médico veterinário do INDEA.
Raiva bovina
O evento também contou com abordagem da Raiva Bovina. Zoonose contagiosa, transmissível ao ser humano, com grande incidência de fatalidade e que tem como seu principal transmissor os morcegos hematófagos.
Vários municípios da região registram casos confirmados da doença. “Neste momento chamamos a atenção para casos da doença que estão ocorrendo em Água Boa com um foco confirmado, cinco focos no município de Nova Nazaré e quatro em Ribeirão Cascalheira. Temos também vários focos em Bom Jesus do Araguaia e Ribeirãozinho. Não temos registros aqui em Gaúcha, mas a doença da raiva está se alastrando e a única forma que o produtor tem de combatê-la é realizando a vacinação de todos os animais de sua propriedade”, comentou Souto.
7 Focos de Raiva Bovina no Médio Araguaia elevam risco de contaminação
De Gaúcha do Norte, Para a AGRNotícias, Cely Trevisan.