Escoamento pelos portos do arco norte vira principal destino de grãos de MT
Nos primeiros sete meses deste ano, Mato Grosso exportou mais de 20,5 milhões de toneladas de soja. Cinquenta e quatro por cento deste volume saíram do estado com destino aos portos do arco-norte do país. No caso do milho, os embarques totais de janeiro a julho somaram 4,4 milhões de toneladas. Pouco mais da metade (50,13%) pelos portos do norte. O cenário mostra uma mudança no panorama logístico, que até então tinha os portos do sul e sudeste do país como o grandes destinos dos grãos mato-grossenses.
Responsável pela área de agricultura no Imea, Marcel Durigon diz que a tendência é de que a nova realidade se mantenha. “Acreditamos que isso pode ser uma tendência sim, aumentar as exportações pelo arco norte em relação ao arco sul. Os motivos envolvem são basicamente as melhorias logísticas que a gente teve nesse último ano com a pavimentação da BR-163. Isso melhorou muito as condições, diminuiu o custo do frete para levar esse produto – tanto o milho quanto a soja – para o arco norte. Isso vai favorecer muito as exportações. Lógico que depende também da infraestrutura e de investimentos em novas estruturas dos portos do arco norte, mas, até o momento, a gente consegue ver sim uma tendência de de aumento das exportações para o arco norte”, explica.
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O escoamento da produção mato-grossense pelos portos do arco norte avança desde 2013, segundo Edeon Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-logística. Ele prevê, inclusive, volumes ainda maiores nos próximos anos, impulsionados pela pavimentação total da BR-163 e – consequentemente – no barateamento do transporte da produção. “A partir do início das operações das estações de transbordo de cargas em Miritituba, nós começamos a aumentar o envio para lá de volumes que antes eram escoados para Santos-SP e Paranaguá-PR, o que ficou mais intenso com a conclusão da BR-163. Estamos lutando para que se mantenha a qualidade do pavimento com condição de trafegabilidade, já que isso reduz significativamente o valor do frete. Com isso, aumenta o interesse de escoar pelo arco norte. Eu sempre afirmo que os volumes de saída pelo sul devem permanecer nos mesmos números e teremos crescimento de 3 milhões de toneladas saindo pelo norte”, estima.
Para o agricultor, essa mudança também significa uma possibilidade de economia, mesmo que ele não seja diretamente o responsável pela exportação do grão. “Com certeza isso acaba refletindo no bolso do produtor. É lógico que isso, às vezes, não é tão rápido, tão momentâneo. Mas a médio e longo prazo, favorece o produtor. Então, por isso é importante que as melhorias logísticas não parem por aqui, porque a gente precisa evoluir muito no estado”, aponta Durigon. Um exemplo do impacto positivo do investimento em infraestrutura aparece na comparação do valor do frete entre Sorriso e Miritituba. Na última semana, a tarifa estava 14% menor que a praticada há um ano, segundo o Imea.
Futuro
Na avaliação de Edeon Ferreira, a saída pelo arco norte tem se mostrado interessante mesmo se comparada à saída para o porto de Santos-SP, basicamente feita por ferrovia. Para o futuro, o cenário deve se tornar ainda mais atrativo, segundo o diretor-executivo do Movimento Pró-logística. A análise está baseada na perspectiva de aumento da capacidade de escoamento da malha paulista (Rondonópolis-MT a Santos-SP) e da implantação de novas ferrovias em Mato Grosso, como a Ferrogrão (que deve ligar Sinop-MT a Miritituba-PA), o que tende a gerar uma concorrência para o transporte dos grãos e – possivelmente – o barateamento do custo do transporte.
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Por Luiz Patroni/Canal Rural.