Cooperativas de transporte do MT discutem em Canarana problemas e desafios do setor
O mundo dos negócios está cada vez mais competitivo. Com a internet na palma da mão, é possível pesquisar preço sobre qualquer coisa. Grandes grupos conseguem competir com empreendedores locais nesta nova realidade mundial. Para o pequeno empreendimento, uma alternativa para se manter competitivo é fazer parte de cooperativas, desde as de crédito, bem como as de produção (ligadas ao agronegócio), até as cooperativas do ramo de transporte.
O Mato Grosso, por ser o maior produtor de grãos e de fibras do Brasil, pela distância que está dos portos e pela baixa malha ferroviária, depende muito de caminhões para escoar sua produção. Parte desse transporte é feito por grandes grupos e parte por autônomos. Para competir neste mercado, alguns autônomos tem justamente se organizado em cooperativas.
Durante toda última quinta-feira (14/11), presidentes e representantes de mais de 10 cooperativas de transporte do Mato Grosso, participaram em Canarana-MT, do Fórum das Cooperativas do Ramo Transporte, com o objetivo de reforçar a relação entre as lideranças e aprofundar as discussões sobre os problemas e desafios atuais do setor.
A cidade de Canarana é sede de uma das mais antigas cooperativas de transporte do Estado, a Cootromat (Cooperativa de Transportes Rodoviários de Mato Grosso), fundada há 31 anos. Ela é considerada a maior do ramo no Estado, com mais de 130 caminhões pertencentes a cooperados. Conforme o diretor de logística da Cootromat, Sidnei Weirich, o objetivo é que até o início da próxima safra de grãos a cooperativa ofereça a venda de óleo diesel para os associados. “Vai reduzir bastante as despesas, visto que o óleo diesel é hoje o principal custo para o caminhoneiro, o que deixará nosso associado mais competitivo na comparação com as transportadoras, que são hoje as concorrentes da cooperativa”, disse. Em outras cidades onde as cooperativas já instalaram a venda de óleo diesel, a redução para o caminhoneiro chega a R$ 0,20 centavos por litro.
Presente no evento, o presidente da Federação das Cooperativas de Transportes de Mato Grosso (Fetranscoop/MT), Marcelo Angst, que é de Nova Mutum-MT, em entrevista para a AGRNotícias, argumentou na oportunidade sobre grandes desafios do setor, inclusive, sobre um assunto em pauta à nível nacional, o tabelamento do frete. Marcelo diz ser contra o tabelamento do frete, que ainda gera muitas discussões, com entidades que representam os agricultores se posicionando contrários à medida. “Eu, Marcelo, sempre defendo o livre comércio e nunca fui favorável a tabela de frete, porque não se encaixa no nosso modelo econômico. Infelizmente existe uma categoria de autônomos que não querem se unir em cooperativas e querem que alguém resolva o problema deles dessa forma. As cooperativas estão aí, podem pegar lotes de uma empresa e ela fazer o preço com o embarcador. Agora, tabelar? Daqui a pouco vai ser tudo tabelado? Eu nunca fui a favor, particularmente”, falou Marcelo Angst.
Cooperativismo
O presidente do Sistema OCB/MT (Organização das Cooperativas Brasileiras), Onofre Cezário de Souza Filho, também esteve presente no evento. Ele disse que mais de 60% da população do Mato Grosso hoje está ligada ao cooperativismo, o que corresponde a mais de 2 milhões de pessoas. “Em termos de Brasil, o Mato Grosso é o sexto maior, com 152 cooperativas que congregam todos os ramos de atividade, desde saúde, crédito, educação, transporte, serviços, agro, faturando 13 bilhões de reais por ano”, falou o presidente.
Onofre disse que o ramo cooperativo de crédito cresce entre 15 e 20% ao ano. “Tanto Sicredi, Sicoob, Primacredi, Unicredi, tem crescido muito”. No agronegócio, ele disse que 33% dos grãos e das fibras produzidos no Estado vem de cooperativas. “Na agropecuária, temos pesquisas mostrando que o cooperativismo é muito atuante, partindo para a industrialização. 3% da soja produzida no mundo, vem das cooperativas do Mato Grosso”.
Coopercana
O Médio Araguaia foi sede da que foi, por alguns anos, a maior cooperativa do Mato Grosso na década de 1990, a Coopercana (Cooperativa Agropecuária Mista Canarana Ltda), que trabalhava em diversos ramos de atividades e foi, por dois anos, a maior recolhedora de ICMS do Estado. Encerrou as atividades na década de 1990. “Aqui nós tivemos a formação da maior cooperativa do Mato Grosso e alguns pensam que tudo deu errado, mas não é assim, aconteceram muitas coisas positivas. Sobrou uma herança traumática, porque as feridas pra cicatrizar levam tempo, mas já está recuperado. Infelizmente coisas de mercado acontecem e grandes empresas também acabam”, finalizou Onofre.
Por AGRNotícias, Rafael Govari.