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Agronegócio é a base da economia dos municípios mais ricos do Vale do Araguaia

A riqueza gerada nos municípios do Vale do Araguaia, em Mato Grosso, vêm na sua grande maioria, do agronegócio. O termo agronegócio congrega a atividade primária em si, além da própria agropecuária, engloba o comércio, a indústria e os serviços ligados ao agro. A AGRNotícias fez um levantamento do último Valor Adicionado (VA) disponível, ano base 2018, de oito municípios da região, para saber o VA de cada uma dessas cidades e qual é a fatia dos setores do comércio e indústria, da agropecuária e dos serviços.

O município com maior VA do Vale do Araguaia é Querência. O motivo é simples: Querência é o maior produtor de grãos da região, com previsão de semear mais de 350 mil hectares de soja na safra 19/20. O Valor Adicionado de Querência, ano base 2018, foi de R$ 1.741 bilhão. Desse montante, a maior parte, R$ 730 milhões (42%) vem do comércio e indústria, R$ 506 milhões da agropecuária e R$ 467 milhões de serviços, além de R$ 4 milhões de outros segmentos.

Apesar de ter uma população três vezes maior do que Querência, Barra do Garças tem um VA menor. A explicação novamente vem da produção agropecuária, sendo que a diferença do VA desse setor entre os dois municípios reflete no VA total. O Valor Adicionado de Barra é de 1.265 bilhão de reais. O comércio e indústria gera a maior parte, R$ 935 milhões (73%), sendo o maior deste segmento em todo o Vale. Depois vem serviços com R$ 160 milhões, seguido da agropecuária com R$ 155 milhões e outros com R$ 25 milhões.

Na sequência de maiores VAs, vem Canarana, com R$ 1.1 bilhão. O comércio e indústria é responsável por R$ 484 milhões (44%), agropecuária por R$ 350 milhões, serviços por 287 milhões e outros setores por três milhões de reais. Água Boa tem VA de R$ 777 milhões, sendo R$ 333 milhões (43%) do comércio e indústria, R$ 285 milhões da agropecuária, R$ 144 milhões de serviços e R$ 15 milhões de outros. Na tabela abaixo estão os números completos de oito municípios da região.

Pelo levantamento, os maiores VAs e consecutivamente, os PIBs da região, com exceção de Barra do Garças, estão diretamente interligados com a produção agropecuária, o que é chamado de agronegócio, abrangendo também comércio, indústria e serviços. Ainda, entre os quatro municípios com maiores VAs, o que tem menos população, Querência, é justamente o que tem maior Valor Adicionado, por ser o maior produtor de grãos do Vale do Araguaia.

Planilha AGR. Fonte: DOMT

Para o secretário de Finanças de Água Boa, Fábio Tadeu Weiler, não há dúvidas de que o que mais movimenta o comércio e os serviços nos municípios da região é a agropecuária. “Tudo o que acontece aqui em Água Boa, o grande propulsor disso é o agronegócio. Um dos grandes fomentadores da nossa economia é a JBS [frigorífico de gado] que vem do agro. A maioria das oficinas mecânicas prestam serviço para quem trabalha com o agro. A maior parte dos impostos vem do agro, porque os picos de arrecadação do Fethab vem no plantio e na colheita das lavouras, que é quando mais se usa combustível (de onde sai o Fethab dos municípios)”, disse Fábio Tadeu em entrevista à AGRNotícias.

O empresário Pedro Lauri Kuhn, reside em Querência e possui postos de combustíveis lá e em Canarana. Pedro está pensando em expandir sua atividade para outras cidades, mas disse que só irá para municípios com vocação para o agronegócio. “É o agro que movimenta toda cadeia. Se não fosse o agronegócio aqui em Querência, eu não venderia o volume que eu vendo. Como a gente está nesse ramo e pensando em expandir, tenho mapeado cidades com 50 mil habitantes que vendem metade do combustível do volume atual de Querência que tem 20 mil habitantes, justamente porque naquelas cidades é só pecuária e culturas perenes. E falo mais, cidades onde o agronegócio não tem chance de expandir pelas terras não serem agricultáveis, continuarão sendo cidades pacatas. Eu só invisto onde tem agro”, disse Pedro em entrevista para a AGRNotícias.

Os dados desta reportagem foram publicados no Diário Oficial do Mato Grosso no dia 28 de junho de 2019.

Imposto

Por ter isenção de ICMS para exportação, existe o estigma de que a agropecuária não paga imposto. Porém, os dados do VA demonstram que o agronegócio é responsável pela geração de boa parte do imposto. Conforme o diretor Administrativo da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, os produtores geram o chamado imposto indireto. “Hoje, qual é o maior investimento do produtor? Depois dos defensivos são as máquinas. Se você pegar, de 2013 para cá, uma colheitadeira dobrou de preço. E nessa máquina o produtor paga ICMS. O funcionário do produtor que vai no mercado comprar o seu alimento, que compra seu carro novo, que compra roupas para seus filhos, ele está pagando imposto. Então, indiretamente gera-se muito imposto”, disse Lucas.

Valor Adicionado

O Valor Adicionado (VA) é uma noção que permite medir o valor criado por um agente econômico. É o valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante o processo produtivo. O VA é responsável pela maior fatia que forma o Produto Interno Bruto (PIB).

Por AGRNotícias

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