7Sete Agroindustrial pede recuperação judicial por dívidas de R$ 90 milhões
Propriedade do ex-candidato a deputado federal Ernando Cardoso, a empresa 7SETE AgroIndustrial, com sede em Cuiabá, acionou 1ª Vara Cível da capital pedindo Recuperação Judicial por dívidas de R$ 90 milhões. Dentre as razões, destacam-se grandes empréstimos contraídos e arrestos judiciais por acusação de que Ernando teria dado calote em produtores e credores de Mato Grosso. Requerimento foi feito no último dia 7 e ainda não teve uma decisão.
As atividades da empresa começaram em 2012, no Rio Grande do Sul, quando ainda tinha o nome do próprio empresário e exercia o comércio varejista de cereais e atacadista de óleos refinados comestíveis até 2014, quando veio para Cuiabá.
Constituída com capital inicial de R$ 20 mil, a 7SETE Agroindustrial passou a atuar no mercado com este nome em 2015, após ser transformada em Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Eireli, oportunidade em que começou a prestar serviços de esmagamento de soja para produção de farelo e óleo junto com outra empresa, no Distrito Industrial de Cuiabá. Foi aí que as primeiras dívidas surgiram.
A Grupal Agroindustrial faliu e a atividade de esmagamento foi interrompida para dar espaço exclusivo à compra e venda de grãos, resultando em novas dívidas para cumprimento das obrigações anteriores com as instituições financeiras.
Em 2018, já com um montante de dívida, a 7SETE recebe oportunidade de esmagar sojas, via arrendamento, em uma unidade situada em Porto Alegre do Norte, que fora desativada. Para isso, Ernando teve que contrair muitos empréstimos para colocar a unidade em funcionamento e produzir 4.000 toneladas de soja esmagada por mês. Empréstimos para maquinários, fornecedores de lenha e hexano também foram feitos.
Em 2020 a dívida já se acumulava em quase R$8 milhões e a situação piorou com a pandemia e os lockdowns. Ernando, então, teve que arrendar terras para conseguir continuar cumprindo suas obrigações.
Ele passou a produzir a própria soja para que a fábrica de Porto Alegre do Norte pudesse processar matéria prima com preço competitivo no mercado. Novas dívidas foram contraídas para que os investimentos pudessem ser feitos. Em 2021 o acúmulo já girava em torno dos R$ 15 milhões.
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Para fomentar a própria atividade de esmagamento sem depender da compra de soja de terceiros, Ernando tirou capital da própria 7SETE e, além dos altos gastos e com a adequação da produção, a soja atingiu patamares não imaginados pelo empresário na safra 2021-2022, 2022-2023.
A quantidade colhida não supriu os custos de plantio e a atividade rural já começou com prejuízo. Em 2022, a empresa adquiriu R$ 70 milhões em soja e se comprometeu a pagar parte deste total em 2023, o que não se completou, acarretando no colapso do fluxo de caixa da empresa e ações de bloqueio por parte dos credores.
Ernando, então, saiu de Porto Alegre e voltou para Cuiabá buscando soerguimento e, assim, foi acusado de dar calote em diversos produtores de soja na região. Defendendo-se da acusação, no pedido de Recuperação Judicial, o empresário alegou que em agosto de 2023 negociou com vários corretores a compra de grãos e foi quitando e renegociando com aqueles que podia.
No entanto, as denúncias do suposto calote resultaram em liminares concedidas pela Justiça contra Ernando, acarretando no arresto de diversos de seus bens. No pedido, o empresário sustenta que já registrou boletim de ocorrência e que vai mover ação judicial por injúria e difamação.
De acordo com o pedido, fazenda da empresa, indústria, equipamentos, bens gerais foram bloqueados de Ernando recentemente, não restando a ele outra opção senão ajuizar o pedido de Recuperação Judicial para dar conta dos R$ 90 milhões em dívidas e continuar as atividades da empresa que, somente de folha de pagamento aos 130 funcionários, pagava em torno de R$ 350 mil mensais.
“As decisões judiciais pelo juízo local acarretaram a RUÍNA das atividades. As casas localizadas em Porto Alegre do Norte/MT de propriedade do Sr. ERNANDO, as casas dos filhos, todos veículos da empresa, do empresário, dos filhos, noras e genros, as carretas, os equipamentos, valores em conta etc., enfim, tudo…mesmo sabendo dos funcionários que precisavam ser pagos, ou foram arrestados ou tornado indisponíveis”, diz trecho do pedido, que foi ajuizado na 1ª Vara Cível de Cuiabá no dia 7 de novembro e ainda não teve decisão.
O proprietário da empresa, Ernando Cardoso, foi candidato a deputado federal pelo Republicanos no ano de 2022, e à época, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral, mais de R$ 10 milhões em bens. Ele teve, ao todo, 7.260 votos.
Por Olhar Jurídico.